Desde o nascimento nos relacionamos com pessoas, lugares, ambientes, circunstâncias, acontecimentos, culturas diversas e por aí vai.
Durante a caminhada na existência o equilíbrio na troca, dentro das relações, acontece quase naturalmente.
Por que quase?
Na maior parte das vezes a troca não é equilibrada. Quase sempre alguém doa mais do que recebe.
É muito comum conversar com pessoas que sentem-se “ sugadas “ por outras.
Muitas destas pessoas com as quais converso, não usam este termo “ sugadas” apenas concentram-se nos sintomas como : cansadas, exaustas, de saco cheio, entre outras expressões.
Desconhecem a causa, mas percebem o sintoma. Apenas perceber o sintoma pode ser um passo, ainda que pequeno, para chegar à causa.
Nos relacionamentos sem perceber deixamos com os outros “ pedaços “ nossos e também carregamos “ pedaços “ dos outros.
O que são estes “ pedaços “?
Por exemplo : quando se está inserido em um relacionamento amoroso é comum que se passe a confiar no par, com isso nos abrimos e entregamos à pessoa , a confiança que sentimos.
Se por alguma circunstância esta confiança é “ quebrada “ obviamente que ambos os envolvidos ou pelo menos um deles, sinta-se ofendido, ferido. Com isso, ativa-se inconscientemente o modo das declarações internas, como por exemplo “ nunca mais vou confiar em ninguém “.
Mesmo que posteriormente as pessoas encontrem outros pares e se relacionem de forma saudável, a confiança não é mais genuína.
Deixa-se esta parte nossa ( pedaço ) naquele relacionamento anterior e consequentemente sente-se falta dele.
Um “ pedaço “ da pessoa fica perdido. A pessoa fica incompleta.
Isto é sentido e percebido, através de sintomas de vazio, desânimo, angústia entre outros.
Dentro de um contexto terapêutico, é possível resgatar os “ pedaços “ que deixamos com outros e devolver os “ pedaços “ dos outros.
Quando estes “ pedaços “ retornam às pessoas elas passam a sentir-se aliviadas, energizadas, vivas.
Este resgate está inserido dentro do autoconhecimento e por consequência dentro da espiritualidade.
Temos um corpo físico com tudo o que envolve este corpo, incluindo forças naturais invisíveis mas, atuantes, responsáveis pela manutenção da nossa integridade, centramento, saúde, sensibilidade e ambiente.
Nos relacionamos com tudo e com todos o tempo todo. Estas forças naturais trabalham muito para nos manter vivos.
Através destas forças conseguimos resgatar nossos “ pedaços “ que sem perceber deixamos e levamos das pessoas, dos lugares, dos acontecimentos, das circunstâncias.
Além do nosso corpo físico que é visível, existem outros corpos, invisíveis sentidos, que merecem atenção. Somos energia. A ciência já comprova isso.
Todos nós passamos por situações que mesmo que outros queiram nos ajudar, não adianta, temos de passar sozinhos.
São situações onde o aprendizado é individual e necessário com o objetivo de crescermos, nos conhecermos, nos desenvolvermos, de enxergarmos que algo maior atua.
Não estou dizendo que é difícil. É trabalhoso.
Com quem? Onde? Quando você deixou seus “ pedaços “?
De quem? De onde? Quando você ficou com os “ pedaços “ de outros?
É uma via de mão dupla.
Aqui está nossa auto-responsabilidade.
Você é atento a isso?
Elaine Leal Carvalho
Terapeuta e Consteladora Familiar